“Caminhável” não é só estar perto do comércio

Para muitas pessoas o conceito de “caminhabilidade” simplesmente significa quantas lojas, cafés, escolas e outros serviços podem ser alcançados a pé, a partir de um determinado local. Se por um lado esses fatores são parte importante de um bairro caminhável (pessoas não andarão se não houver para onde andar) existe um conjunto crescente de evidências sugerindo que muitos outros fatores melhoram ou reduzem a caminhabilidade de uma rua ou bairro.

Agora um novo livro escrito pela urbanista Julie Campoli adiciona mais a essa discussão ao explorar diversos fatores-chave que combinados criam ruas e comunidades verdadeiramente caminháveis. Em seu livro, publicado pelo Lincoln Institute: Made for Walking: Densidade e Formas do Bairro, Campoli argumenta que somente possuir lojas, serviços e locais alcançáveis a pé não é o suficiente.

Caminhabilidade é conquistada e perdida no nível da rua 

Campoli reconhece que ter destinos próximos é essencial para que mais pessoas caminhem, mas adiciona a isso outras qualidades de bairros urbanos caminháveis.

  • Conexões – uma boa rede de calçadas e caminhos para pedestres com muitas interseções;
  • Tecido – Ótima arquitetura com prédios de proporções humanas, e não grandes caixotes!
  • Densidade – de residências e população;
  • Paisagem Urbana – ruas bem projetadas com largas calçadas, fáceis e seguras de se caminhar;
  • Redes verdes – abundância de árvores e espaços verdes.

Mas esses fatores-chave não são apenas preferências pessoais da autora, mas derivados de estudos detalhados de 12 bairros caminháveis nos EUA e Canadá, que são descritos utilizando belas fotografias panorâmicas e geo-análise.

Uma abordagem holística aos bairros

Campoli defende essa evidência  com estudos que mostram que uma abordagem holística cria bairros mais sustentáveis. Áreas que combinam alto número de fatores de caminhabilidade tem o menor número de carros nas ruas e resultam em menos emissão de CO2. Campoli cita outra pesquisa que mostra que criando áreas urbanas mais compactas pode cortar emissões de CO2 das casas em até 36%. Essa é a mesma razão pela qual Walkonomics usa 8 diferentes fatores de caminhabilidade para classificar cada rua, incluindo fatores como “Inteligência e Beleza” e “Pavimentação/Calçadas” e inclui dados de árborização, criminalidade e sinalização.

As ruas e comunidades qualificadas por Campoli também são bonitas e lugares divertidos para se trabalhar e viver. O uso extenso de fotografia das ruas no livro, ajuda a ilustrar porque as pessoas estão tão felizes em caminhar por essas ruas, de maneiras que a pura estatística e análise não fazem justiça.

Você pode obter uma cópia de Made for Walking: Densidade e Formas dos Bairros’ aqui (em inglês).


Imagens: Lincoln Institute of Land Policy