O parque de Los Angeles que costumava ser um estacionamento

A iniciativa Los Angeles’ 50 Parks (50 parques de Los Angeles) foi lançada em agosto de 2012 pelo então prefeito Antonio Villaraigosa, e visa transformar propriedades subutilizadas localizadas em áreas sem espaço de lazer, em parques. O 16º parque inaugurado como parte deste plano está localizado na Spring Street, no centro da cidade e teve a sua abertura oficial em 17 de junho.

Lehrer Architects fechou uma parceria com a cidade de Los Angeles para este projeto, e nós do This Big City recentemente tivemos a oportunidade de enviar por e-mail algumas perguntas para Michael Lehrer sobre seu trabalho na Spring Street Park.

Joe Peach: Você não vai precisar convencer nossos leitores que a conversão de um estacionamento em um parque é uma boa ideia, mas nem todo mundo concorda. Você encontrou muita resistência no desenvolvimento do Spring Street Park?

Michael Lehrer: Nenhuma resistência. É uma oportunidade única. Dito isso, eu aprendi que na esfera pública, mesmo oportunidades únicas podem atrair os céticos. Esse atrito – realmente necessário e desejável entre os interesses público e privado – na criação de locais públicos tem origem nos diferentes círculos eleitorais e as suas necessidades, que esão muitas vezes em desacordo um com o outro. Essa tensão gerada é benéfica. A correção oferecida pelo bom design está fazendo importantes e talvez até mesmo belos lugares, originados por essa tensão. Adultos com crianças contra descolados que se perguntam por que um playground é necessário; amantes de cães contra os que não possuem animais de estimação; as agências públicas e seu papel e custo de manutenção ao longo do tempo contra residentes comprometidos com o parque e sua capacidade de manter o parque, etc

Que tipo de envolvimento houve por parte dos moradores e trabalhadores da região no projeto do parque?

Bastante significativo. As partes interessadas foram extraordinariamente favoráveis ao nosso projeto ao longo de sua evolução. Um símbolo do centro de Los Angeles hoje, as comunidades residenciais emergentes, fizeram lobby, apoiaram, e persuadiram a Prefeitura a tornar o projeto realidade e criticaram construtivamente o design . Este processo iniciou-se antes que estivéssemos envolvidos. Reuniões públicas, a ambiciosa Associação de Moradores, desenvolvedores da região. A participação foi ao mesmo tempo pública e nos bastidores. Como se trata de um projeto público, os interesses e as aspirações da liderança política – o prefeito Antonio Villaraigosa e membros do Conselho da Cidade – e da liderança da Agência geralmente são decisivas. Moradores da região também tiveram uma contribuição significativa. Em nosso trabalho, temos notado que este processo é semelhante na maioria dos centros urbanos do mundo desenvolvido, onde uma gama de vozes são convidadas a expressar a suas opiniões.

Você fala sobre ‘prosperabilidade’ e ‘busca por um futuro vibrante’. Quais são as suas visões para o impacto contínuo do Spring Street Park?

Que ele se torne parte da fisionomia do centro de Los Angeles, e em particular da comunidade ao redor. O único desafio de verdade será gerir os cães e seus resíduos. Fora isso, ele imediatamente se tornará mais do que já é hoje, a sala de estar ao ar livre da comunidade. Solteiros, casais, famílias, grupos, multidões de eventos, todos sentindo que ali é o seu lugar. À medida que as plantas crescem, o Parque se tornará mais romântico, cada vez mais o yin-yang necessário do Spring Street Park.

Como os moradores do entorno reagiram ao novo parque?

Incrivelmente bem, exultante. O que traz mais satisfação é o abraço imediato ao local. Como se fosse a mais recente tecnologia móvel, as pessoas já estão começando a sentir como se o Parque estivesse sempre lá. É inevitável. Ele atinge o acorde de alegria, a comunidade, e a percepção de que o ambiente urbano alimenta o parque.

As parcerias público-privado podem ser controversas. Você pode nos contar um pouco mais sobre a dinâmica de trabalho neste projeto?

Como qualquer parceria, é preciso trabalho, empatia, confiança e clareza do papel de cda um. O Bureau de Engenharia de Los Angeles era tanto o nosso cliente como nosso parceiro de design. Seus arquitectos paisagistas trouxeram seus conhecimentos, especialmente em relação a durabilidade, manutenção e forte sentido de apropriação -ambiental e política- das plantas. Nós trouxemos liderança em design, agilidade e ousadia, influenciando a equipe, a cidade, e vizinhança,o tanto quanto era o melhor para o projeto.

Uma piada: Em algum momento, tivemos algumas grandes palmeiras no parque. O engenheiro da cidade disse que não iria funcionar porque o prefeito não gostava de palmeiras. Quando eu vi o prefeito em um evento e perguntei se o engenheiro da cidade acertou em sua avaliação, ele disse: “Com certeza!” Eu amo palmeiras, mas se não havia espaço para elas nesse parque, então, tudo bem.

Nós abraçamos o choque cultural, o que é importante, mas pode facilmente ser fatal. Respeitando os imperativos (e tolerando, às vezes dolorosamente) da hierarquia pública é quase tão necessário quanto desafiá-los. Uma parceria e tanto.

1,45 milhão de dólares é um orçamento relativamente pequeno. Se você tivesse um orçamento maior, o que você teria gostado de incluir no parque?

Na verdade é um orçamento extremamente modesto. Em última análise, o orçamento NÃO É separável do produto. As escolhas iniciais são tomadas pelo que é possível fazer. Mas o mais importante, sempre, é que o projeto não seja de segunda categoria. Que não exale querer ser algo que não poderia ser. O objetivo é que cada projeto seja o melhor possível, e sinto que ele é o melhor. É a essência da excelência em design. É o imperativo moral de design. O melhor possível, o melhor resultado possível com recursos limtados. Um orçamento maior poderia ter permitido um programa de sustentabilidade mais robusto.Tratamento de água em estado-de-arte, detenção e retenção, captação de água da rua e limpeza através das cisternas do parque, etc … estes são incrementos desejáveis, alguns deles ainda incomuns. E realmente custou todo o capital político e financeiro disponível para a construção do maravilhoso Spring Street Park.

Spring Street quando tinha um estacionamento:

O Spring Street Park: